Time amador é alternativa para meninas que sonham com futebol!

Há um mês e meio, cerca de 30 atletas treinam no Guerreiras Atleticanas e buscam espaço, respeito e profissionalização

Walter Strozzi | ACidadeON/Araraquara11/11/2019 18:37

“Eu escolhi futebol porque é uma paixão. Desde pequena eu jogo e é uma coisa que amo. Sempre assisto a jogos de futebol e é uma coisa mais forte do que eu. Ele me escolheu e eu amo jogar”.  

É assim que Radija Gomes, de 17 anos, define o porquê escolheu, em meio a outros esportes, jogar futebol. A atleta amadora é uma das 30 meninas que treinam no campo do Jardim Nova Época, para o primeiro time de futebol feminino amador de Araraquara.   

Na cidade das Guerreiras Grenás, time de futebol feminino da Ferroviária, a modalidade vem crescendo e há cerca de um mês e meio, nasceu as Guerreiras Atleticanas, uma extensão do Esporte Clube Atlético Paulista – equipe amadora que disputa a Série C do Amadorzão da cidade.  

Lá, as meninas mantém vivo o sonho de se tornarem jogadoras de futebol profissional. Observadas por pais, colegas e o presidente do clube, Elias Silva, as atletas dividem os treinamentos com os meninos do Sub-17.    Previous

Mas, as dificuldades vão desde a ausência de competições oficiais, até mesmo bolas e coletes para os treinamentos – técnico, tático e físico -, que acontecem de segunda, quarta e sexta-feira à tarde no campo do Nova Época.  

“Na realidade temos todas as dificuldades, desde bola, coletes, algumas coisas a mais para que possamos fazer um trabalho de qualidade. Mas, com o pouco que a gente tem dá pra fazer um trabalho adequado”, relata o técnico do time, Ubiraelson Batista da Silva.   

Além de driblar os adversários dentro de campo, tem também as dificuldades que se impõe na vida de cada uma das meninas que decidem jogar futebol.  

Raissa de Oliveira, 18 anos, por exemplo, teve que escolher deixar a casa da mãe na vizinha São Carlos para ficar mais perto da Ferroviária, clube que defendeu nos últimos quatro anos.  

“Passei por muitas dificuldades, eu vinha de fora todos os dias. Aí logo que eu mudei pra cá [casa da avó] e eu ia a pé para o treino do Santa Angelina até a Vila Xavier. Aí eu consegui uma bicicleta e ia com ela aos treinos”, relata.   

Para alguns, a distância que separa Raissa e Radija do sonho de se tornarem jogadoras de futebol profissional são apenas cinco quilômetros – do campo do Jardim Nova Época onde treinam até a Arena da Fonte. Porém, esse abismo é maior e exige superação e persistência.   

No caso da dupla, o clube amador pode ser encarado como chance de recomeço no esporte. É que ambas defenderam a Ferroviária nas categorias de formação, porém, acabaram dispensadas da Locomotiva Grená por estourar a idade.  

“Estou em preparação para me manter em forma, ajudar a equipe e não ficar parada, ter ritmo de jogo, aprender coisas, aperfeiçoar e estar preparada pra ir pra outro clube”, projeta Raissa.   

Capital nacional do futebol feminino
Araraquara pode ser considerada uma espécie de capital nacional do futebol feminino. É que a Ferroviária tem sido referência na modalidade, encerrando a temporada 2019 entre as quatro melhores colocadas no Campeonato Paulista, tornou-se a única bi campeã Brasileira e vice-campeã da Libertadores.  

Mas, apesar de investir nas categorias de formação – time possui equipes Sub-15 e 17 -, a Locomotiva não possui uma equipe Sub-20. A ausência é causada pela falta de competições organizadas pela Federação Paulista de Futebol (FPF), obrigando o clube a profissionalizar as atletas que estouram a idade ou dispensá-las, como o caso de Radija e Raissa.  

Com isso, a dupla simpática, que sonha em se tornarem atletas profissionais seguem ao lado de outras 30 companheiras de time, em busca de apoio, respeito e profissionalização.