José Roberto Fernandes: A voz do esporte de Araraquara!Portal Morada!

Tarde de sábado, 18 de abril de 2015. Um jogo de futebol acontece no Estádio Professor Dario Rodrigues Leite, em Guaratinguetá. O árbitro aponta para o centro do campo e apita para decretar a vitória da Ferroviária por 1 a 0 sobre o time da casa e oficializar o fim de uma espera de quase duas décadas: a Ferroviária voltou à elite estadual! Na arquibancada, os torcedores afeanos gritam, se abraçam, pulam, correm, sobem no alambrado, e alguns ficam até mesmo sem saber como comemorar aquele momento que ainda parecia um sonho. No campo, jogadores, comissão técnica e funcionários afeanos se abraçam, ainda sem ter a noção exata do tamanho da façanha que acabam de alcançar. 

Na cabine de imprensa do estádio, um homem com um microfone na mão capta toda a energia vinda daquele cenário. Uma energia que se concentra em seu coração e é solta por sua voz, percorrendo pelas ondas do rádio quase 500 quilômetros de distância até Araraquara, onde a mesma energia causa uma explosão de alegria na cidade que ao longo dos últimos tempos havia acompanhado momentos de sofrimento e humilhação com seu time de futebol.  

E o homem do microfone, que foi uma das poucas pessoas presentes ao lado do time em cada um dos tristes momentos, vê essa energia transbordar. Sua transmissão, sempre consciente e impecável, ganha palavras libertadoras e emocionantes, antes de ser interrompida por um pequeno silêncio. Com um filme passando por sua cabeça, ele chora copiosamente olhando para o gramado, enquanto o colega ao lado percebe a cena e assume o microfone por alguns segundos. Em Araraquara, quem recebe a transmissão sabe o que aquele silêncio significa e muitos ouvintes choram juntos, pois entendem perfeitamente que a lágrima que vem de Guaratinguetá é de alívio, missão cumprida e orgulho. Está coroada a carreira de José Roberto Fernandes.


Infância em Colina

José Roberto Fernandes nasceu em Colina-SP no dia 31 de janeiro de 1943. O locutor lembra de uma curiosidade de sua infância, quando até os 10 anos possuía o nome de João. “Eu fui batizado como João Roberto Dias Fernandes e fui registrado em cartório como José Roberto Fernandes, por uma dessas razões que eu não saberia explicar. Quando eu fui para a escola Coronel José Venâncio Dias, que naquele tempo era grupo escolar, levaram minha certidão de batismo, onde estava João Roberto Dias Fernandes. Até o quarto ano do grupo escolar, eu era chamado por esse nome. Quando ocorreu a solenidade, com a entrega dos diplomas, a direção da escola pediu a minha certidão de nascimento, ou seja, o registro em cartório. Lá estava José Roberto Fernandes e foi aquela confusão. Mas aí ficou José Roberto Fernandes, que na realidade é meu nome”, explica.


Início de carreira

Sempre bem humorado, o radialista conta que já “bateu sua bolinha” como um goleiro razoável do futebol amador do Colina Atlético, mas nunca teve a pretensão de ser um atleta profissional. “Como eu acabei indo cedo para o rádio, com 18 anos abracei a carreira e passei a ver o futebol de uma outra forma”, complementa.

José Roberto começou sua trajetória no serviço de alto-falantes na praça da Igreja Matriz de sua cidade natal, em um modelo de divulgação que existiu em quase todos os municípios do interior na época. “Nós tínhamos um serviço de som que funcionava direitinho e eu tinha até um programa de esportes. O programa era transmitido às terças, quintas e sábados e até levava jogadores do Colina Atlético para serem entrevistados no estúdio do alto-falante”, recorda. 

A experiência auxiliou o radialista a superar 234 candidatos na disputa por uma vaga na Rádio Barretos. Ele explica que o alto número de concorrentes se deve ao fato de o rádio ser o grande veículo de comunicação da época, quando a televisão ainda não possuía a mesma força. “Fiz o teste, passei e comecei no mesmo dia. Meu primeiro registro é de 2 de março de 1962 e muitos daqueles amigos com que eu comecei, alguns já se foram e outros estão vivos até hoje”, diz. 

De lá, José Roberto foi para Uberlândia, onde trabalhou na Rádio Educadora por dois anos, período suficiente para sua carreira deslanchar, já que foi lá onde começou a cobrir eventos esportivos em 1964. Decidiu retornar a Barretos, cidade em que se manteve por um período de 11 anos. 


Referências

José Roberto Fernandes destaca dois tipos de influências em sua carreira, uma que parte dos colegas de trabalho e outra espelhada em um grande nome da locução esportiva da época. “A principal referência das pessoas com as quais eu trabalhei foi o Luiz Carlos Fabrini. Ele foi o meu professor de rádio e a pessoa que me orientou. Trabalhei com profissionais muito bons, como o Joel Valdo, Marco Antonio Siqueira de Matos, entre outros. Aprendi demais com essa gente. A referência a nível de locução esportiva foi Pedro Luiz Paoliello, que para mim foi o melhor. O rádio esportivo tem duas etapas, antes com o Pedro Luiz e depois com o Osmar Santos, com estilos completamente diferentes. Mas o Pedro foi um professor para todos nós da época, um locutor excepcional”, elogia.

Amizades

O narrador afirma que sempre teve uma vontade fora do comum de aprender. “Você nunca sabe tudo. E eu tinha essa sede danada de aprender e tinha gente disposta a me ensinar, então estava tudo certo. Naquele tempo, tinha o Antonio Jesus Bocchi, o Joel Valdo, enfim, amigos extraordinários que convivemos por muito tempo e alguns deles já se foram. O mais recente foi o Wagner Bellini, o Wagninho, que era como um irmão para mim. Nós tínhamos as nossas discussões e nossos pontos de vistas conflitantes, mas éramos amissíssimos. A perda do Wagner para mim foi como se tivesse perdido alguém da minha família, tanto é que procuramos perpetuar seu nome e batizamos a Central Informativa da Cultura de Wagner Bellini para lembrarmos sempre do nome dele, que foi uma figura excepcional. Além dele, tem tantos outros que estão aí vivos, que eu não vou citar nomes. Eu procuro preservar os meus amigos e eu acho que a amizade é uma coisa que a gente mais deve fazer e alimentar”, ressalta.


Araraquara em sua vida

José Roberto veio para Araraquara em 1975, quando foi contratado pela Rádio Morada do Sol para cobrir o Campeonato Sul-Americano de Basquete. “O Antonio Carlos Araújo era o gerente da rádio, que funcionava na Rua Voluntários da Pátria, quase esquina com a Duque. Ele me trouxe para fazer os jogos no mês de julho de 1975, depois nos entendemos, eu acabei ficando aqui e me sinto muito feliz até hoje”, salienta.

Sua identificação com o esporte de Araraquara foi imediata e rapidamente conquistou o coração dos ouvintes e, mais especificamente dos afeanos, que através de sua voz puderam sentir grandes emoções da Ferroviária nos campeonatos disputados no início dos anos 80. Os lendários jogos da Taça de Ouro de 1983, com a narração de José Roberto Fernandes, permanecem vivos na memória de muitos torcedores e do próprio narrador. “Eu vim para cá em 1975, mas eu vivo a Ferroviária há muito mais tempo. Desde 1966, quando a Ferroviária subiu e enfrentou o Barretos, eu estava em Barretos e nós nos cruzávamos muito. A Ferroviária era o meu segundo time, como é até hoje o segundo time de muita gente, que torce para o Corinthians, para o Palmeiras. Quando cheguei aqui, eu definitivamente abracei a Ferroviária”, revela.


Campeões da Bola

A equipe dos Campeões da Bola foi formada em 1985 na Rádio Morada do Sol e brilhou ao longo dos anos na Rádio Cultura, que recentemente teve sua frequência AM encerrada, dando origem à FM 107,5. A equipe, que também passou pela Rádio Brasil FM, TV Ara e TV Cultura Paulista, completa 35 anos com muita informação, não apenas sobre jogos e resultados, mas também com o dia-a-dia do esporte araraquarense. “Os Campeões da Bola foram formados em 1985. Enquanto esse ano a Ferroviária completa 70 anos, estamos completando a metade, 35 anos. Isso traz para mim, como responsável da equipe, uma satisfação enorme. Primeiro porque nunca me preocupei em saber se existe uma equipe mais longeva ou não. Isso nunca me preocupou, mas tenho a certeza de que, se não formos a primeira, com certeza estamos entre aquelas poucas equipes de rádio esportivo do interior do estado de São Paulo ou até do interior do Brasil com essa marca de 35 anos de um trabalho ininterrupto”, destaca o narrador.

Assim, a equipe contou a história esportiva de Araraquara ao longo das últimas décadas, presente em momentos marcantes como as boas fases do vôlei do Lupo Náutico, do basquete da Uniara e de campeonatos amadores como a Copa Campeões da Bola de Futebol Interbairros, a Copa Cultura de Futsal, entre outros. Entretanto, foi com as coberturas da Ferroviária que a equipe conquistou de vez seu espaço no coração da cidade. “Me satisfaz profundamente, me orgulha muito dizer hoje, completando 35 anos, que aqueles caminhos traçados como orientação para o trabalho da equipe jamais foram desrespeitados, jamais foram esquecidos. Tudo aquilo que baseou e fundamentou a formação da equipe em 1985, todas essas coisas boas do rádio esportivo a nível profissional, tudo isso continua e continuou durante 35 anos. Jamais nos afastamos dos verdadeiros propósitos da equipe formada em 1985. Essa interação com esporte da cidade de uma forma geral me dá um orgulho muito grande”, acrescenta.

Ele conta que o rádio esportivo enfrenta diversas dificuldades e com os Campeões da Bola não é diferente. “São muitas pedras a serem tiradas do caminho para que a equipe permaneça, mas com tudo isso ainda estamos com muita fortaleza, muita vontade e disposição de continuarmos dando sequência ao nosso trabalho, que visa única e exclusivamente divulgar o esporte e trabalhar com todas as modalidades na medida do possível. Nos orgulhamos de sermos a equipe de todos os esportes, com aquele carinho especial que temos e sempre tivemos com a torcida da Ferroviária e com a Ferroviária como clube, com toda essa dimensão que ela tem, não só em Araraquara, mas em todo o Brasil. Os Campeões da Bola são referência quando se fala de Ferroviária. Somos rotulados como a equipe que é a voz da Ferroviária e isso nos enche de muito orgulho e muita responsabilidade”, analisa. 

O líder da equipe aproveita para salientar que nada disso teria acontecido se não houvesse a participação efetiva, a colaboração e o amor à camisa de todos aqueles que integraram e integram a equipe, desde a primeira formação até a atual. “Eu nunca digo ex-integrante porque sempre falo que quem participou da equipe continua participante. Todos aqueles que hoje continuam na equipe atual e aqueles que fizeram parte da equipe ao longo desses 35 anos foram muito importantes. A gente agradece indistintamente a todos que estiveram e continuam conosco”, complementa o radialista, que também é amante do basquetebol e inclusive é diretor da Associação de Basquetebol de Araraquara (ABA).


Narrações tristes

Em relação aos jogos mais tristes narrados em sua carreira, José Roberto destaca uma partida de 1997, quando após ser rebaixado da Série A-1 para a A-2 no ano anterior, o time amargava a queda para a Série A-3. “Estávamos eu e o Bazani lá em Santo André. Acontecia um jogo paralelo com o Comercial de Ribeirão Preto e quando a Ferroviária tomou o gol e vimos que o resultado de Ribeirão não nos ajudava, eu senti que o time estava realmente rebaixado. Aí eu chorei, o Bazani chorou, o fone caiu lá embaixo e foi um momento muito triste”, revela.

O último rebaixamento sofrido pelo time também é lembrado. “Em 2009, quando a Ferroviária perdeu lá em Santos por 5 a 3 para a Portuguesa Santista, foi uma tristeza. Você narra o gol marcado por um profundo desapontamento, por uma profunda tristeza e é um gol que se você pudesse não narrar, não narraria. Vivemos alguns momentos muito tristes com a Ferroviária, mas temos a obrigação de transmitir essa emoção. Geralmente você quer transmitir emoções boas, gostosas, das vitórias, mas nem sempre isso é possível”, complementa.


Momento mais emocionante

Como relatado na abertura desta reportagem, a maior emoção do narrador em sua trajetória profissional aconteceu em 2015, quando a Ferroviária venceu o Guaratinguetá por 1 a 0 e confirmou seu acesso de volta à Série A1 do Campeonato Paulista. “Nós nos sentíamos uma equipe esportiva rebaixada, da mesma forma que a Ferroviária. E aquela campanha foi maravilhosa, passou para a história também. Para a equipe dos Campeões da Bola e para mim, particularmente, pois foi um momento de choro, lágrimas, muita emoção e eu não consegui me conter, acabei extravasando tudo aquilo que senti e vinha alimentando durante quase 20 anos. Então se foi para a Ferroviária um momento histórico da volta, para nós e para mim, em particular, foi uma coisa que me marcou profundamente, profissionalmente, emocionalmente, e foi realmente uma volta ao passado. Passou tudo pela minha cabeça, aqueles rebaixamentos, aquelas situações humilhantes que a Ferroviária sofreu e tudo aquilo veio à minha mente naqueles momentos em que o jogo acabou e acabou também esse fato todo, se transformando naquele momento que é o mais importante da minha carreira”, revela.

E as emoções daquela ocasião memorável não terminaram ali. No próprio estádio, em meio às comemorações, o técnico Milton Mendes subiu até a cabine e entregou a José Roberto uma camisa da Ferroviária assinada por ele, pelos jogadores e por todos os integrantes do departamento de futebol profissional. “Eu tenho essa camisa guardada até hoje e é uma das coisas que mais significam nessa minha relação com a Ferroviária”, ressalta. 

Outra homenagem que comoveu profundamente o radialista ocorreu alguns dias após o acesso, quando o presidente da Ferroviária, Carlos Salmazo, foi pessoalmente à rádio para entregar uma medalha referente à conquista da equipe. “Além dos dirigentes, dos jogadores, da comissão técnica, eu também fui agraciado pela Federação Paulista de Futebol, via Ferroviária e presidente Salmazo, com uma medalha da conquista do título da A2 que significou a volta da Ferroviária à nossa principal divisão do futebol de São Paulo”, se orgulha.

A própria Ferroviária, no final do mesmo ano de 2015, prestou uma homenagem que é, para ele, uma das mais significativas na sua carreira, ao conceder a ele uma placa no gramado da Fonte Luminosa. Na ocasião, José Roberto Fernandes se vestiu com o uniforme completo da Ferroviária, calçou chuteiras e fez um gol de pênalti em Sérgio Bergantim, que foi um dos maiores goleiros da história afeana. O cartão, entregue também pelo presidente Carlos Salmazo, trazia a inscrição: “Se os gols da Ferroviária tivessem voz, ela seria a sua, José Roberto Fernandes. Muito obrigado por todos esses anos narrando as emoções grenás. Araraquara, dezembro de 2015”.

O narrador se lembra com carinho da homenagem. “Imagine, eu consegui fazer o gol de pênalti no Sérgio Bergantim! É claro que ele me ajudou muito. E o texto do cartão é de um simbolismo que até hoje me emociona profundamente. Uma das coisas que mais guardo com carinho no meu coração afeano é essa homenagem da diretoria que simboliza a homenagem de toda a torcida da Ferroviária, por quem eu tenho o maior carinho, o maior respeito e a maior admiração. Eu sou uma pessoa muito grata por todas essas emoções que a Ferroviária me proporcionou”, diz o radialista. 


Recompensas

Amante da profissão, o locutor vê apenas um fator como negativo em seu ofício, que é o extremo sacrifício imposto à família. “Isso acontece comigo e com os demais que se dedicam integralmente. Você sacrifica demais a família porque você trabalha a semana inteira e trabalha ainda mais no fim de semana. Mas a recompensa é muito grande e são muitas as recompensas, como a alegria de ver um estádio como esse, que é o orgulho da cidade. Eu me lembro de quando eu transmitia os jogos em um ‘puleirinho’ de madeira no canto”, destaca.

Entre as recompensas citadas por ele, uma veio após uma situação terrível em sua vida. Coincidentemente no dia em que a Ferroviária completava 50 anos de existência, José Roberto Fernandes sofreu um acidente de automóvel que acabou mostrando a força da amizade em sua vida. “Eu estava indo com a minha esposa para Matão e alí perto do Liceu Monteiro Lobato, nas pistas que saem da 36, tinha um indivíduo em um Monza, fugindo da polícia, não sei exatamente porquê. Ele bateu na traseira do meu Uno e prensou meu carro contra uma árvore. Eu acabei ficando um mês no hospital, passei por uma cirurgia e depois fiquei oito meses sem poder andar. Mas isso teve um aspecto que eu não esqueci. Em termos de emoções e de agradecimento, foi uma das coisas mais bonitas que aconteceram na minha vida. Para se ter uma ideia, o Roberto Aparecido Guilherme e um grupo de amigos daquele tempo, iam na minha casa, me colocavam no carro e me levavam para a Fonte, me colocavam na maca e subiam comigo a arquibancada. Hoje temos elevador, mas naquele tempo não. Eles subiam comigo nas costas, me colocavam na cabine, eu transmitia os jogos, depois eles me pegavam, desciam comigo e me levavam para a casa. Isso é uma coisa que eu nunca esqueci. Desses amigos eu não esqueço”, explica. Guilhermão faleceu em maio deste ano e José Roberto Fernandes escreveu um texto sobre a amizade entre os dois (clique aqui para ler).

Em 8 de agosto de 2013, José Roberto Fernandes deu um susto em seus fãs. Após sentir dores nas costas durante a noite anterior, ele procurou o atendimento médico 24 horas do Hospital São Paulo. Por precaução, os médicos optaram por interná-lo. Porém, por volta das 6 horas da manhã, ele sofreu um infarto e foi encaminhado para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A cidade se mobilizou em oração e o radialista, após ser submetido a procedimentos de angioplastia e cateterismo, se recuperou e voltou à ativa, para alegria da nação afeana.

Pandemia

A pandemia do novo coronavírus afetou significamente o esporte e para a equipe dos Campeões da Bola não tem sido diferente, tanto é que a última transmissão foi o jogo entre Ferroviária e Novorizontino no dia 14 de março, que terminou com o empate por 0 a 0. Desde então, a equipe alterou sua programação, que permanece apenas com a ‘Janela Esportiva’, que vai ao ar de segunda a sexta-feira às 11 horas pelo Facebook oficial da equipe, e o ‘Balanço Geral’, que é transmitido de segunda a sexta, às 18 horas, pela FM 107.5. Neste último, José Roberto Fernandes participa em home-office de sua casa, enquanto Marcos Chiocchini e Vaguinho Fiorini comandam a apresentação. 

“Tudo isso tem sido muito complicado, não só para nós da equipe, mas para a população brasileira, em especial a de Araraquara, de uma forma geral. A gente espera que isso possa trazer alguma coisa boa, quem sabe uma relação mais próxima entre as pessoas, um pouco mais de ajuda pessoal entre as pessoas, enfim, que de isso tudo que está sendo tremendamente ruim para nós possa emergir algum fato positivo, algum fato que possamos levar em conta para que o futuro na verdade seja melhor”, analisa o radialista.


Ferroviária de hoje

O narrador analisa de forma positiva o momento atual da Ferroviária. “Eu vejo o momento da Ferroviária como bom, aliás eu diria muito bom. Se nós analisarmos a situação da grande maioria dos clubes, e aí eu estou incluindo as grandes equipes do futebol paulista e brasileiro, a Ferroviária é praticamente uma ilha isolada para o bem, para uma situação melhor e não há dúvida quanto a isso. Enquanto nessa pandemia toda, os clubes viviam e continuam vivendo momentos muito graves, sem dinheiro, reduzindo folhas de pagamento, não tendo como renovar os contratos para o restante de Campeonato Paulista e para Campeonato Brasileiro, jogadores indo embora, enfim, uma situação tremendamente complicada, a Ferroviária se orgulha, e com muita razão, de não ter cortado salário, continuar pagando em dia a folha de seus atletas e funcionários e se dado ao luxo de contratar oito ou nove jogadores para o Campeonato Brasileiro, alguns deles, inclusive, com condições de enfrentar Ituano e Internacional de Limeira, que são os dois jogos que restam na fase final de classificação. Então é uma situação que realmente é bem diferente da grande maioria dos clubes. Isso nos enche de alegria, satisfação e confiança no futuro, prova que a Ferroviária tem uma administração segura”, avalia. 


Cidadão araraquarense

Em 2003, a cidade reconheceu a importância de José Roberto Fernandes e o homenageou com o Título de Cidadão Araraquarense, o que faz com que ele evidencie a gratidão que sente pela cidade, pelo rádio e pelo esporte. “Os melhores momentos foram vividos aqui em Araraquara e eu me orgulho muito disso, de ser cidadão araraquarense. A minha família toda é criada na cidade de Araraquara, meus filhos se formaram em Araraquara. Eu tenho pela cidade um carinho muito grande e um amor muito grande. O esporte significa muito para mim, sempre significou e talvez tenha sido essa a mola propulsora mais importante e mais forte que fez com que eu derivasse meu caminho para o rádio e dentro do rádio, mas especificamente para o rádio esportivo. Então eu tenho sinceramente uma gratidão eterna para o rádio, para o rádio esportivo e em particular para o esporte, que é muito divulgado e muito trabalhado”, ressalta o lendário radialista. 

Para ele, o esporte vai muito além de uma atividade física para quem pratica e diversão para quem acompanha. “Não é a questão de ser um atleta profissional, seja a modalidade que for. O que importa realmente é a formação do caráter das crianças, o que importa no esporte é ser essa ferramenta social extraordinária que precisa ser cada vez mais valorizada. E nesse sentido da valorização do esporte está uma das parcelas mais importantes e significativas do trabalho dos Campeões da Bola”, finaliza o narrador.